What Can Macri Do to Transform Argentina?

My article was originally published by Mercado Popular on 15 January 2016.

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Maurício Macri, o novo presidente da Argentina, tem atraído a atenção de investidores internacionais com seus planos de criar ambiente mais favorável ao empreendedorismo na Argentina. Mais investimentos trariam maior crescimento e produtividade para o país – aumentando assim, a renda dos trabalhadores argentinos. Além de vender os ganhos de longo prazo para seus compatriotas, seu maior desafio será ter um plano de transição adequado para que ele mantenha suficiente capital político para conseguir implementar reformas.

No início de seu mandato, Macri começou rapidamente a implementar reformas. Tal rapidez, somada à duvidosa decisão de usar decretos para implementar algumas mudanças, tem prejudicado seu apoio entre os argentinos. Em um ambiente político de extremos (Macri ganhou as eleições com apenas 51,4% dos votos) pequenas flutuações na popularidade importam – pois a perda de apoio doméstico vai limitar sua capacidade de implementar as reformas prometidas e transformar a Argentina em uma economia moderna integrada com mercados globais.

O presidente argentino tem cumprido suas promessas de campanha. Em menos de um mês, ele começou uma transformação radical da política econômica argentina. Ele eliminou a proibição de que estrangeiros tirem seu dinheiro do país (em economês essa proibição é chamada de “controle de capitais”), as tarifas de exportação, reduziu impostos e trocou a diretoria do Banco Central. Por isso, o país, que não tem acesso a mercados financeiros desde a moratória de 2001, hoje passa a ser reconsiderado como potencial destino para investimentos.

As políticas de Macri são completamente distintas de sua predecessora, Christina Kirchner, que esteve no poder por quase dez anos. Além de levar adiante diversas intervenções estatais, a Presidenta Kirchner nacionalizou a petroleira YPF em 2012, o que praticamente elminou qualquer possibilidade de investidores internacionais levarem seu dinheiro para Argentina. Isso, somado à moratória, aumentou significativamente o risco político para investidores estrangeiros – e afugentou fluxos de capitais do país platino.

Frente a esse status quo de políticas ruins para o investimento, a mensagem reformista de Macri tem sido bem recebida no exterior. Afinal, a Argentina tem promissores recursos humanos e naturais. Se o devido ambiente de negócios for estabelecido, investidores internacionais estarão dispostos a ingressar no país e gerar riqueza e empregos em busca de vultuosos retornos para suas empreitadas. Por exemplo, o campo de gás de xisto de Vaca Muerta é maior que a Bélgica e tem o potencial de transformar a economia argentina caso ela se abra ao capital estrangeiro.

A capacidade de Macri em implementar reformas vai se tornar mais difícil nos próximos meses. Até o momento, a oposição às suas propostas foi primordialmente ideológica. Contudo, algumas de suas reformas terão um impacto negativo de curto prazo para muitos argentinos.

Por exemplo, a desvalorização do peso já tornou importações mais caras – e esse efeito de aumento de preços deve reverberar na economia nos próximos meses. Parte da classe média vai sofrer até que o ajuste cambial arrefeça e os mais pobres serão afetados pelo fim dos subsídios sobre energia. Além disso, maior competição de produtos importados pode incomodar exportadores nacionais.

O desafio de Macri é convencer os argentinos que esses custos de curto prazo serão compensados por ganhos de médio e longo prazo. Por isso, ele precisa de um plano de transição que amenize os efeitos sobre os grupos mais vulneráveis. As escolhas vão ser difíceis, já que a disponibilidade de recursos do governo é limitada.

Macri deve também assegurar que não somente sua base ou uma pequena elite tirarão proveito das reformas. Um aumento exacerbado da desigualdade agiria como combustível para as críticas de que as mudanças não beneficiarão o país.

Uma escolha natural é ser seletivo nos cortes e assegurar que os mais pobres sejam menos afetados por eles. Por exemplo, é razoável tornar a eliminação de subsídios gradual para que ela aconteça concomitantemente aos ganhos econômicos esperados pelas reformas iniciais.

O desafio de Macri em convencer os investidores internacionais a voltarem para a Argentina, portanto, é o de demonstrar que as reformas atuais serão duradouras – e não efêmeras. Por agora, mesmo com muita boa vontade do governo, ainda há muita incerteza quanto a se Macri vai conseguir manter uma base de apoio ampla para seu pacote de reformas.

Tornar a Argentina um destino para investimentos internacionais aumentará o estoque de capital do país e, com isso, a produtividade e salário dos argentinos – melhorando a vida da maioria dos trabalhadores. É esta a mensagem que Macri precisa levar à população. E ele só conseguirá manter apoio para seu programa se, também no curto prazo, os custos sociais de seu ajuste não forem insuportáveis.

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